Tratamentos
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Acompanhamento Nutricional
Independentemente de fatores genéticos, hormonais ou psicológicos, a obesidade é uma doença associada a maus hábitos alimentares. Sendo assim, o sucesso a longo prazo de qualquer tratamento ou acompanhamento nutricional depende muito da mudança desses hábitos, mesmo para pacientes que se submeteram a cirurgias que limitam a ingestão alimentar ou dificultam a absorção de alimentos. Nesse sentido, estimulamos nossos pacientes a adquirirem hábitos alimentares saudáveis que durem por toda a vida e que lhes ajudarão a manter o peso, a saúde e uma boa qualidade de vida com um acompanhamento nutricional.
A nutricionista tem papel fundamental nesse processo. Em primeiro lugar, na consulta de avaliação inicial, a nutricionista identifica o padrão de alimentação de cada paciente, investiga a presença de doenças associadas e/ou alergias alimentares que podem interferir na orientação nutricional, bem como a presença de carências nutricionais que deverão ser corrigidas antes do início do tratamento e do acompanhamento nutricional. Nessa avaliação são realizadas ainda medidas antropométricas (peso, altura, circunferência abdominal, pregas cutâneas) que servirão de parâmetro inicial e que serão repetidas posteriormente, no decorrer do tratamento e do acompanhamento nutricional. Avaliação da porcentagem de gordura corporal por bioimpedância e gasto energético por calorimetria são procedimentos que também podem ser realizados nesta fase.
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Acompanhamento Psicológico
A Cirurgia Bariátrica é sem dúvida uma grande aliada do processo de emagrecimento. Entretanto, o paciente tem que ter ciência de que o emagrecimento não acontecerá única e exclusivamente por meio dela e que sua participação nesse processo é fundamental, no que diz respeito a fatores como disciplina alimentar e mudança de hábitos.
Em alguns casos o comer excessivo é uma forma de manifestação de determinados sentimentos, como angústia e ansiedade, que deverão ser trabalhados em terapia com acompanhamento psicológico, para que os pacientes aprendam a criar novos canais e recursos para a resolução desses problemas.
Não é difícil imaginar a baixa auto estima que acompanha o paciente obeso, em um mundo onde o corpo magro é o padrão de beleza. É importante trabalhar no acompanhamento psicológico estes aspectos, para que o paciente possa reconquistar a confiança e autoestima.
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Avaliações
Avaliação pré-operatória
Um dos princípios que orientam um tratamento bem-sucedido para a obesidade é a abordagem multidisciplinar, ou seja, uma equipe composta por diversos profissionais de saúde que trabalham em conjunto para potencializar os resultados.
Avaliação clínica
O paciente deverá realizar no período pré-operatório uma ampla avaliação clínica, iniciada pelo endocrinologista que, entre outras coisas, irá pesquisar distúrbios hormonais, síndromes genéticas ou adquiridas que causam obesidade, distúrbios metabólicos, estado de tolerância á glicose (diabetes), etc.
O endocrinologista é o especialista que mais lida com o paciente obeso e é, portanto, um dos principais elos da equipe. Além do endocrinologista, outros especialistas irão avaliar a função cardiovascular, respiratória, etc.
Serão realizados exames como endoscopia digestiva, radiografia de tórax, espirometria, prova de esforço, ultrassonografia do abdome, etc. O paciente deverá, portanto, ser avaliado por cardiologistas, pneumologistas, gastroenterologistas, etc.
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Balão Gástrico
O Balão Intragástrico (BIB) é um balão de silicone que possui uma válvula lisa e um cateter de introdução por onde é inflado, dentro do estômago do paciente, com solução salina e azul de metileno estéreis. Seu formato expansível permite um ajuste do volume de enchimento, no momento da colocação, que varia de 400 a 700ml.
O volume do balão é ajustado para cada paciente, de modo a atuar como bolo alimentar artificial, e se mover livremente dentro do estômago. O Balão Intragástrico foi projetado para auxiliar na perda de peso corpóreo por meio do enchimento parcial do estômago, induzindo à sensação de saciedade.
Como funciona o Balão Gástrico?
O balão gástrico inflado ocupa um espaço dentro do estômago que seria do alimento, causando saciedade precoce (a pessoa sente-se satisfeita com pequenas quantidades de alimento).
O balão gástrico é colocado e retirado por endoscopia, não exigindo afastamento das atividades do dia-a-dia.
Deve ser utilizado em conjunto com uma dieta de longa duração, supervisionada por médicos e nutricionistas, e de um programa de exercícios físicos, com o propósito de aumentar a possibilidade de manutenção da perda de peso por um longo tempo. A colocação do balão gástrico é, portanto, o procedimento inicial de um tratamento multiprofissional que terá 6 meses de duração (tempo máximo de permanência do balão).
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Banda Gástrica
A Banda Gástrica Ajustável é uma pequena cinta que é colocada ao redor da porção superior do estômago. Esta cinta é dotada de um balão que fica em contato com o estômago e que, a medida que é insuflada, reduz a capacidade de armazenamento do estômago e diminui a velocidade de enchimento da porção do estômago que fica abaixo.
Esta banda é ligada por um estreito tubo de silicone a um pequeno dispositivo para injeção que é implantado abaixo da pele, possibilitando um ajuste a qualquer momento após a operação e uma adequação da restrição gástrica ás necessidades e a tolerância de cada pessoa.
Com esta restrição o paciente é forçado a mastigar bem o alimento e a comer lentamente, promovendo a sensação de saciedade precoce.
Com uma restrição adequada, o volume diário ingerido passa a ser em torno de 30% do volume pré-operatório, levando a uma grande perda de peso.
Quais as principais vantagens da cirurgia de banda gástrica ajustável?
As principais vantagens do método da Banda Gástrica Ajustável são:
- A cirurgia é minimamente invasiva, com pequenas incisões, trauma reduzido e mínima agressão cirúrgica.
- A cirurgia é feita sem precisar grampear, suturar ou excluir nenhum segmento do aparelho digestivo, mantendo o trânsito alimentar no seu curso normal e não interferindo com o processo fisiológico da digestão.
- O tempo de internação é menor e a recuperação é mais rápida quando comparada a outras operações.
- A banda gástrica pode ser insuflada ou desinsuflada a qualquer momento no pós-operatório, sem a necessidade de novas operações, permitindo uma adequação da quantidade de alimento ingerido, às necessidades e à tolerância de cada indivíduo.
- A capacidade alimentar pode ser totalmente revertida sem nenhuma operação adicional, permitindo a ingestão normal em situações especiais como gravidez ou em casos de doenças graves.
- Caso haja necessidade, a banda pode ser retirada por meio de outro procedimento laparoscópico.
Quantos quilos se perde com o tratamento cirúrgico?
Após a realização da cirurgia, espera-se uma perda de peso progressiva até aproximadamente 3 anos, quando o peso tende a se estabilizar. A perda média de peso é de aproximadamente 25% do peso inicial, quando o paciente segue corretamente as orientações nutricionais e comparece na época correta para realização de ajustes.
A perda total de peso pode atingir 40% ou mais do peso inicial em pacientes mais disciplinados no seguimento das orientações, que praticam atividade física e naqueles que tem maior facilidade para perder peso.
A colaboração do paciente, ingerindo alimentos de baixo teor calórico e introduzindo a prática do exercício físico irá aumentar a quantidade de peso perdido, bem como acelerar ainda mais o tempo de retorno à faixa de peso normal.
Indicações da banda gástrica ajustável laparoscópica
A banda gástrica ajustável está indicada para os pacientes adultos que apresentam obesidade mórbida com IMC maior que 40Kg/m² ou para aqueles com IMC maior que 35 Kg/m² e que tenham doenças importantes associadas e relacionadas a obesidade, as quais melhoram com a perda de peso. O paciente deve estar completamente consciente e disposto a mudar o seu estilo de vida, seu padrão alimentar e seguir as orientações médicas.
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Bypass Gástrico
O que é o Bypass gástrico?
O Bypass gástrico é a cirurgia de redução de estômago mais frequentemente realizada no Brasil, sendo conhecida também como Derivação gástrica em Y de Roux ou cirurgia de Fobi-Capella.
Como é realizado o Bypass gástrico?
No Bypass gástrico, o estômago é reduzido a um tamanho aproximado de 30 -40 ml, por meio da utilização de instrumentos chamados grampeadores cirúrgicos. Em seguida, o estômago reduzido é ligado diretamente ao intestino delgado (jejuno).
O alimento ingerido irá assim percorrer 100 a 150 cm de jejuno (alça alimentar – Figura 1) para então receber as secreções digestivas vindas do restante do estômago, fígado e pâncreas (alça biliopancreática Figura 1), na ligação entre a alça alimentar e a alça biliopancreática, chamada enteroanastomose.
A partir daí, há mais 3 ou 4 metros de intestino pela frente, aonde ocorrerá a absorção de alimentos (alça comum). Não é retirado nenhum pedaço de intestino. Pode ser realizada por vídeo-laparoscopia (pequenos cortes, com auxílio de vídeo) ou por laparotomia (corte grande). Deixamos rotineiramente um dreno (tubo de silicone) com o qual o paciente vai para casa, que é retirado após 7 dias.
Quais são as vantagens e desvantagens do Bypass gástrico?
As maiores vantagens dessa cirurgia estão na boa perda de peso (35 a 40% em média) e na boa manutenção do peso ao longo dos anos, na grande melhora na saciedade ( o paciente sente menos fome) e no bom controle do diabetes, nos pacientes acometidos desta afecção. As desvantagens estão no fato de ser este um procedimento irreversível, na necessidade do uso de suplementos vitamínicos para o resto da vida e na possibilidade de reganho de peso a longo prazo, em particular nos pacientes comedores de doce ou carboidratos em excesso, beliscadores e naqueles muito sedentários.
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Cirurgia Robótica
A tecnologia da Cirurgia Robótica pode ser utilizada na realização de qualquer procedimento cirúrgico bariátrico. Essa tecnologia agrega recursos de imagem e movimentos a cirurgia laparoscópica, permitindo a realização de procedimentos mais complexos com maior precisão.
Informe-se mais sobre a possibilidade de realização do seu procedimento por Cirurgia Robótica durante as consultas medicas.
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Gastrectomia Vertical
O que é gastrectomia vertical?
A Gastrectomia Vertical consiste na transformação do estômago em um tubo estreito (Figura 1), por meio da retirada das partes do estômago denominadas: fundo gástrico, corpo gástrico (grande parte) e antro gástrico (grande parte). O volume residual do estômago irá variar de 150 a 200ml.
Os mecanismos de funcionamento desta operação são:
- A restrição da ingestão alimentar por conta da diminuição da capacidade gástrica e
- A melhora da saciedade por efeito hormonal causado pela retirada do fundo gástrico.
Quando é indicado a Gastrectomia Vertical?
A gastrectomia vertical indicada para pacientes obesos com IMC de até 45 Kg/m2 (Vide tabela de IMC na seção de perguntas e respostas), que não tenham doenças metabólicas associadas (diabetes tipo II mais grave, triglicérides muito elevadas). Está indicada também para pacientes nos quais não se deseja um desvio intestinal pela presença de doenças associadas (anemia crônica, doenças do fígado, cirurgias abdominais prévias, deficiências do metabolismo do cálcio e outras). É um método também considerado para pacientes muito jovens ou mais idosos (acima de 65 anos).
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Tratamento Cirurgia do Diabetes / Cirurgia Metabólica
O Diabetes Tipo II é uma doença que acomete milhões de brasileiros, e cuja incidência no mundo todo aumentou muito nas últimas décadas.
Muito se tem noticiado sobre “novas” técnicas cirúrgicas para o tratamento do Diabetes Tipo II, doença que acomete milhões de brasileiros, e cuja incidência no mundo todo aumentou muito nas últimas décadas.
A ideia de que se pudesse tratar esta doença por meio da cirurgia do diabetes surgiu a partir do final dos anos 1990 com a observação de que pacientes com obesidade grave (mórbida) e diabetes tipo II apresentavam melhora expressiva das taxas de glicemia (açúcar no sangue) pouco tempo depois de se submeterem a operação de redução do estômago (Bypass gástrico em Y de Roux ou Cirurgia de Fobi-Capella, como é conhecida no Brasil).
A partir daí a identificação de hormônios intestinais (incretinas) cuja liberação é modificada pelo procedimento cirúrgico trouxe a explicação científica que faltava para que pudéssemos entender melhor este fenômeno, permitindo que se vislumbrasse a possibilidade de indicação de tratamento para uma parcela maior de pacientes diabéticos, em particular aqueles com obesidade leve ou não obesos.
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